Sumário Executivo
O case de negócios para as pequenas e médias empresas (PME) em crescimento nunca esteve tão em voga. Mesmo em uma economia onde gigantes mundiais como Amazon, Alibaba, Kia e Exxon continuam a prosperar, as PMEs respondem por 90% de todos os negócios em nível mundial. Elas foram responsáveis pela criação de quatro de cada cinco novos postos de trabalho em mercados emergentes, de acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC).
E as oportunidades para as PME nunca foram tão grandes. Compras virtuais tanto para B2B (U$ 7,7 bilhões) quanto para produtos e serviços B2C (U$ 2,3 bilhões) estão em uma trajetória de crescimento global. O comércio cross-border, em especial, vem registrando um grande crescimento. Cinquenta e sete por cento de todos os consumidores virtuais afirmam que realizaram alguma compra cross-border durante a primeira metade de 2017.
Ainda assim, o crescimento das PMEs no que diz respeito ao comércio cross-border se encontra atrasado. Apesar da sua contribuição para a economia mundial, as PMEs têm enfrentado problemas para entrar e competir nesse tipo de mercado. Esse desafio é mais aparente no comércio global. Atualmente apenas 38% das empresas ao redor do mundo estão aptas para processar ordens de compra internacionais, e só 33% realizam vendas internacionais. Isso significa que mais da metade de todas as PMEs está perdendo oportunidades de fazer negócios globalmente devido à dificuldade de acesso à infraestrutura e à falta de experiência com questões regulatórias. Esses dois pontos serão importantes para o crescimento das PMEs, que, se espera, possam contribuir com 600 milhões de postos de trabalho até 2030 para acelerar o crescimento global da força de trabalho, de acordo com o Banco Mundial.
As PMEs são largamente prejudicadas pela falta de acesso a crédito, pela defasagem de conhecimento, pelos desequilíbrios regulatórios e pelo acesso limitado à tecnologia competitiva. Parcerias público-privadas podem fazer mais para proporcionar intervenções governamentais necessárias e solidez para empresas privadas, ampliando conhecimentos, tecnologia e acesso a pequenos comerciantes. Esse processo vai exigir que as diferentes partes interessadas (stakeholders) se unam para influenciar políticas de regulamentação em nome das PMEs, além de inovar para facilitar o mercado de cross-border.
“Se as PMEs se envolverem na formulação de políticas que dizem respeito aos seus negócios, elas poderão promover a implementação efetiva das mesmas”, afirma Phyllis Wakiaga, representante do Pacto Global da ONU no Quênia. “Por outro lado, se não houver consultas para construir um compromisso partilhado com a intenção de estabelecer essas políticas, não só os pequenos negócios sofrerão com os custos e encargos operacionais dos ajustes, sendo forçados a fechar, como também serão incapazes de continuar seu papel na criação de valor social”.
Alguns acontecimentos recentes são sinais de progresso, como o Acordo de Facilitação de Comércio (AFC) da OMC. O acordo entrou em vigor em fevereiro de 2017 para facilitar o trânsito, a liberação e a retirada de mercadorias com o objetivo de reduzir os obstáculos de importação e exportação das mesmas.
Este relatório técnico baseia-se em exemplos como o do AFC para reunir experiências práticas e lideranças inovadoras de especialistas de todos os âmbitos da questão: empresas privadas, agências governamentais, ONGs e outras organizações que estão descobrindo os benefícios do comércio cross-border de pequenas e médias empresas. O relatório aborda quatro importantes recomendações: favorecer a troca de conhecimento, aumentar a eficiência das atuais práticas de compras, possibilitar inovações nas tecnologias de pagamento e examinar as zonas francas de e-commerce.
As conclusões desse relatório técnico foram reunidas a partir de diversas fontes, incluindo o Salão Mastercard “Potencializando o Mercado para o Crescimento”, que aconteceu em julho de 2017, em Washington, DC. Um agradecimento especial a todos os especialistas, funcionários de governo e ONGs que disponibilizaram seu tempo para debater questões cruciais para o sucesso global das PME.